Distribuição de senhas para assistir ao júri popular de Carli Filho gera fila
As definitivas serão oferecidas a partir das 13h30, mesmo diante de recursos que ainda estão parados no STF
Publicado: 23/02/2018, 14:07
A distribuição de duzentas senhas para acompanhar o júri popular do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, marcado para os próximos dias 27 e 28, já começou de maneira provisória na manhã desta sexta-feira (23). Como a fila começou a se formar ainda no fim da madrugada, o Tribunal do Júri, no Centro Cívico, decidiu antecipar a entrega para evitar tumultos e aglomerações. As definitivas serão oferecidas a partir das 13h30, mesmo diante de incertezas. As informações são da Rádio Banda B.
Protocolado na última quarta-feira (21) pela defesa do ex-deputado, uma nova liminar ao Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do Judiciário, quer – novamente – tentar suspender o júri popular em Curitiba, sob argumentos de que há na cidade forte comoção social e imparcialidade. Essa decisão ainda não foi julgada e está nas mãos do ministro Gilmar Mendes.
Mesmo assim, a fila para conseguir as senhas começou logo cedo, antes das 5 horas. Lorena Machado, 30 anos, é bacharel em Direito e estava no Tribunal do Júri, no Centro Cívico, para conseguir uma senha. “Eu já faço pós em prática de júri, é uma área que eu gosto muito, mas também é uma forma de ver de perto a justiça acontecer”, explicou.
Já o engenheiro Cláudio Pocharski, 36 anos, falou com a Banda B e disse que intenção em acompanhar o júri é pessoal, por ter acompanhado bastante o caso por meio da imprensa. “É mais um interesse pessoal, um caso que chama atenção e é interessante acompanhar. Lembro muito do que aconteceu e precisamos acompanhar o fim disso. O que mais me chamou atenção foi a demora nesse processo todo”, disse.
Entre a maioria na fila, os estudantes de Direito. É o caso de Fabiana Regina, que está no 3º ano do curso. “A oportunidade de presenciar um júri fez com que eu viesse até aqui, um caso com tanto clamor público, também. Um resultado justo é o melhor e o júri vai julgá-lo. A gente sabe que errado ele está, mas apenas o júri vai poder julgá-lo”, finalizou.
Qualquer pessoa está apta a assistir ao júri, mas por haver limitação de lugares, haverá distribuição de aproximadamente 200 senhas aos interessados no dia 23 de fevereiro, às 13h30, na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba (Praça Nossa Senhora de Salete). A ordem de chegada está sendo respeitada pelo órgão.
Recursos
Na última semana, a 1ª Câmara Criminal do TJ-PR negou o pedido da defesa do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho para tirar o júri popular de Curitiba. Foi a segunda tentativa da defesa para tentar mudar o local do julgamento. O pedido da defesa entende que os jurados em Curitiba seriam parciais, “diante da existência de campanha publicitária/política em desfavor do acusado. E, ainda, que a ordem pública exige o desaforamento pela comoção existente na sociedade curitibana”.
Caso
Carli Filho é acusado pela morte de Gilmar Rafael Souza Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Souza, de 20. Carli Filho estava com a carteira de motorista suspensa (130 pontos) e, segundo a perícia, decolou com seu veículo a 173 km/h, aterrissando sobre o veículo em que as vítimas estavam. Em agosto de 2009 o Ministério Público do Paraná (MP-PR) ofereceu denúncia criminal contra ele por duplo homicídio doloso eventual. Em 2011 foi confirmado pela Segunda Vara do Júri de Curitiba que ele deveria ser julgado por um júri popular, mas novos recursos levaram o caso até o STF.