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Avião que caiu com Teori não registrou pane

Naquele momento, não havia as condições mínimas de visibilidade requeridas para as operações de pouso e decolagem

Acidente completou um ano no último dia 19/Foto: Reprodução  Nelson Jr./SCO/STF
Acidente completou um ano no último dia 19/Foto: Reprodução Nelson Jr./SCO/STF -

Da Redação

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Naquele momento, não havia as condições mínimas de visibilidade requeridas para as operações de pouso e decolagem

Relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu que a visibilidade em Paraty (RJ) era menor do que a recomendada para uma tentativa de pouso na pista da cidade na tarde de 19 de janeiro de 2017. Naquele dia, o avião que levava o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras quatro pessoas caiu no mar, matando todos a bordo. O relatório final de investigação do Cenipa, órgão ligado à Aeronáutica, foi divulgado nesta segunda-feira e sugere que o piloto Osmar Rodrigues insistiu no pouso mesmo assim. Além disso, foi apontada a possível ocorrência de ilusões visuais que podem ter desorientado o piloto. Teori era o relator dos processos da Operação Lava-Jato no STF, tendo sido substituído nesse papel, após sua morte, pelo colega Edson Fachin.

A recomendação para pistas com a de Paraty, em que o pouso é visual e feito sem auxílio de instrumentos ou torre de controle, é que haja visibilidade de 5 mil metros ou mais. O Cenipa estimou que, no momento do acidente, ela estava em 1,5 mil metros. A aeronave partiu às 13h01 de São Paulo. Naquele momento, a visibilidade era boa em Paraty. Mas começou a chover e a neblina aumentou, chegando a níveis ruins no momento em que o avião se aproximou de Paraty.

— Naquele momento, não havia as condições mínimas de visibilidade requeridas para as operações de pouso e decolagem. Da mesma forma, o campo visual do piloto estava restrito e com poucas referências visuais no solo para sua orientação — afirmou o investigador do Cenipa encarregado do caso, o coronel aviador Marcelo Moreno.

Os dados extraídos da aeronave mostraram inclusive que, minutos antes do acidente, o piloto preferiu esperar mais algum tempo antes de tentar o pouso.

— Após a primeira tentativa de aproximação, ele recolheu o trem de pouso e disse que ia esperar um pouco — disse Moreno.

Houve depois uma segunda tentativa de aproximação da aeronave, mas o piloto voltou a sobrevoar a área. O avião fez uma curva à direita, quando recolheu o trem de pouso, e em alguns segundos caiu no mar. A investigação apontou a existência de condições que favorecem a existência de algumas ilusões que podem levar um piloto a se desorientar quando faz uma curva. Mas não cravou que isso tenha ocorrido. Apenas sugeriu que ele tenha passado por esse fenômeno.

— Esse tipo de ilusão é potencialmente perigoso, em especial em voos de baixa altitude — afirmou Moreno.

Outra ilusão que pode ter ocorrido é a falsa percepção da altura da aeronave. O piloto podia achar que estava a uma altitude maior do que realmente estava. Isso é mais comum em superfícies homogêneas, com poucos detalhes, como é o caso da água. O problema tende a ser pior em condições de baixa visibilidade.

A investigação do Cenipa apontou que os certificados e manutenção da aeronave estavam em dia.

— Não havia registros de panes ou mau funcionamento relacionado aos sistemas da aeronave — disse Moreno.

O piloto também estava com sua licença em dia e não foram encontrados indícios de que houvesse problemas do ponto de vista médico comprometendo seu trabalho. O piloto, com 30 anos experiência, estava acostumado a ir para Paraty (RJ), tendo realizado 33 voos para esse destino nos 12 meses anteriores ao acidente. Mas, segundo o Cenipa, isso não impede que ele também ele esteja sujeito a ilusões visuais e desorientação espacial. Pode até ter elevado sua autoconfiança.

— Não se evidenciaram alterações, do ponto de vista médico, que pudessem resultar no comprometimento do desempenho do piloto em voo. Da mesma forma, os exames toxicológicos realizados após o acidente não apontaram indícios de substâncias farmacológicas toxicamente ativas ou de álcool no sangue — disse Moreno.

De acordo com o investigador, eram comuns, entre os pilotos que operavam na região, tentativas de pousos em Paraty mesmo em condições ruins.

— O curto intervalo de tempo transcorrido entre a verbalização do piloto de que iria aguardar e o início da segunda tentativa de aproximação denotou que ele desistiu de aguardar a melhoria das condições meteorológicas — afirmou Moreno.

O relatório também mostrou que a causa preponderante da morte do Teori e das demais pessoas a bordo foi o impacto com o mar. Afogamento, se houve, foi uma causa acessória.

A investigação do Cenipa tem por propósito a prevenção de eventuais novos acidentes. Para isso, levanta as prováveis causas da queda da aeronave. O Cenipa não tem por objetivo apontar responsáveis nem fazer a investigação criminal. Isso em geral fica a cargo da Polícia Federal (PF).

— O nosso único propósito é o de prevenir acidentes — disse o chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Frederico Alberto Marcondes Felipe.

Em 10 de janeiro deste ano, a PF levou à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, os principais resultados da investigação sobre a queda do avião. Neste atual estágio das investigações, que caminham para um fim, a PF descarta que o acidente tenha sido provocado. Também não encontrou indícios de sabotagem. E tem a falha humana como linha principal para explicar a tragédia, conforme o relato levado à presidente do STF.

Informações MSN Notícias 

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