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Ação da Guarda Municipal em Curitiba gera polêmica

Dia de Luta é comemorado dia 19 de agosto para lembrar os 11 anos da chacina de moradores de rua na Praça da Sé

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Da Redação

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Diversas viaturas da Guarda Municipal (GM) foram acionadas pela Fundação de Ação Social (FAS) da Prefeitura de Curitiba para acompanhar a manifestação do Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, promovida pelos moradores de rua, na Praça Rui Barbosa, na manhã desta sexta-feira (18). O Dia de Luta é comemorado dia 19 de agosto para lembrar os 11 anos da chacina de moradores de rua na Praça da Sé, região central da capital paulista, quando dez pessoas foram atacadas enquanto dormiam.

Os moradores de rua da área central de Curitiba se reuniram no início da manhã com objetivo de se manifestarem. O ato foi apoiado pela Defensoria Pública do Paraná e pelo Sismuc (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais Curitiba).

Um dos organizadores do ato, Carlos Humberto dos Santos, 42 anos, mora nas ruas há quase duas décadas e disse que se sente invisível para a sociedade. “É um dia de luto. Organizamos isso aqui para lembrar e também para que todos nos vejam. Hoje, não estamos podendo nem dormir na praça. Não estamos aqui para fazer bagunça, só queremos uma manifestação pacífica. Tem gente morrendo por falta de políticas públicas. Os moradores de rua são migalhas, é a sobra da sobra e ninguém quer trabalhar com essa população”, disse à Banda B.

Em meio a objetos e malas que carrega consigo, Carlos Humberto criticou as políticas tomadas pela recente gestão do prefeito Rafael Greca (PMN). “Na gestão passada, a gente tinha acordo, tinha alguém que falava com a gente. Agora não é mais assim. O pessoal vive assustado, guarda prendendo, querendo arrumar flagrante, é difícil isso pra gente. Não temos arma, não tem traficante, aqui”.

Segundo eles, as alegações é que guardas municipais passaram a agredir os moradores de rua e tentar flagrantes, com intuito de levá-los presos. A denúncia deles é que caminhões pela madrugada usam mangueiras d’água para afastá-los de praças e marquises. “O sistema quer que a gente retroceda, precisamos de alguém que nos ajude a melhorar. A FAS só faz de conta que faz, mas não faz nada. Alguém que vem de fora precisa esperar mais de seis meses pra ser atendido no POP. Até lá, já era. Eles dão um pão e um banho e acham que estão dando muito, a gente quer oportunidade, a gente quer trabalho, curso de capacitação. Não temos documento e estamos aí esperando. Nós é (sic) dingo mesmo, não ladrão”, critica o morador de rua Diego Roberto de Mello, em entrevista à Banda B.

Um dos apoiadores do movimento, o defensor público Vitor Eduardo Tavares de Oliveira disse que o objetivo da entidade é auxiliar o movimento com questões jurídicas, registros públicos e a intensificação dos Direitos Humanos. “A defensoria pública tem recebido cada vez mais reclamações, principalmente, nessa gestão porque se traz uma política higienista, em que tem que tirá-los das praças. E não é bem assim, é uma população vulnerável, que precisa de uma política pública, que tem ‘ene’ problemas, seja mental, de saúde, drogadição”, finalizou.

FAS

Presentes para conter confusão, segundo a Fundação de Ação Social (FAS), a Guarda Municipal chegou cedo à praça. Diversas viaturas estacionaram nas calçadas, totalizando cerca de dez carros da GM. Além disso, três veículos da FAS também foram acionados para acompanhar o movimento.

Para a Banda B, a assessora da FAS, Maria Alice Erthal, rebateu as críticas dos moradores de rua, e alegou que todos os serviços são prestados com qualidade na instituição.  “Temos diariamente serviços direcionados a todos os tipos de atendimento. Eles têm banho, comida, dormem no abrigo, recebem roupas limpas e é oferecido a eles encaminhamento para confecção de documentos, contato com as famílias. Muitos não são daqui, são de fora, a gente oferece passagens. São muitos atendimentos”, disse.

Maria Alice ainda dividiu os grupos de moradores de rua e acusou uma parte infiltrada de ‘baderneiros’. “Temos a população de rua que não querem o atendimento, vão, tomam banho, mas voltam para as ruas. Mas, existe um outro tipo de população, dizendo serem moradores de rua, que está criando confusão. E vem com essa história de que quer direito, mas o direito vai até onde vai a do outro, não pode extrapolar, sair da questão moral”, defende.

Dia Nacional

O Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua foi marcado dia 19 de agosto por um ato para lembrar os 11 anos da chacina de moradores de rua na Praça da Sé, região central da capital paulista, quando dez pessoas foram atacadas enquanto dormiam. Das pessoas atacadas, duas morreram na hora, quatro no hospital e quatro sobreviveram. Em 22 de agosto, houve novo ataque, quando cinco desabrigados foram agredidos da mesma maneira que os anteriores e um morreu na hora.

Segundo as investigações, os crimes ocorreram para silenciar os moradores de rua que sabiam do envolvimento de policiais nos esquemas de tráfico de drogas da região. Na época, um segurança particular e seis policiais militares foram denunciados. Três soldados foram presos, mas soltos no mesmo ano por falta de provas.

Dados

Dados do Disque Direitos Humanos (100), serviço de utilidade pública da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República mostram que, entre 2012 e 2013, houve um aumento de mais de 40% no número de denúncias de violência contra os moradores de rua. O tipo de violação mais recorrente é a negligência, seguida da violência psicológica e física.

As informações são da Rádio Banda B.

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