Advogado é proibido de entrar em bar por estar com roupa “inadequada” | aRede
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Advogado é proibido de entrar em bar por estar com roupa “inadequada”

Caso foi registrado em um estabelecimento no Batel, em Curitiba. Advogado estaria com uma roupa “parecida com a dos seguranças”

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Da Redação

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O advogado Juliano Trevisan, de 27 anos, passou por uma situação no mínimo constrangedora na noite da última quinta-feira (13), em Curitiba. Em um desabafo nas redes sociais, ele conta que foi impedido de entrar no James Bar, no bairro Batel, porque estaria com uma “roupa inadequada”. No argumento dos funcionários da portaria, a roupa que o produtor usava, toda preta, poderia ser confundida com a dos seguranças da casa. Juliano conta que ficou tão surpreso que nem conseguiu argumentar na hora em que foi barrado.

“O funcionário me olhou dos pés a cabeça e informou que pelo meu estilo, com “a roupa que estava usando eu não poderia entrar”. Olhei para minha roupa tentando entender o por que, e ele continuou “roupa preta gravata e tal, você vai ser confundido com segurança lá dentro, assim não pode entrar”. O segurança que estava do lado e tinha um rabo de cavalo ainda completou: “e não tem como você falar do seu cabelo, pois eu também tenho cabelo comprido, olha”. Na hora a situação me chocou tanto, que fiquei bobo. Não quis discutir, não quis “acabar com minha noite e de meus amigos”, então simplesmente falei que iria embora.

Depois, já no carro para voltar pra casa, Juliano diz que aí sim entendeu que estava sendo vítima de discriminação. “No que entrei no carro para ir embora foi que caiu a ficha. Como militante, vivo expondo situações de preconceito e discriminação e os vários viés. Mas quando acontece comigo, ainda fico chocado sem ação. Me sinto humilhado, olhei mil vezes minha roupa, até entender que o problema não é minha roupa, não é meu estilo, não sou eu. E preciso sim, expor esta situação a vocês e demonstrar qual grave ela é, e o que ela representa socialmente falando nos dias de hoje,
“parecendo um segurança” , diz o advogado.

Juliano relata ainda que conhece várias pessoas que vão no mesmo bar de camisa e gravata e nem por isso foram barradas. “A verdade mesmo é que, por mais que estivesse parecendo com segurança da casa, isto não justifica barrar entrar no local. Roupa social não é uniforme exclusivo de empresas de segurança, o que dizer de formaturas onde os seguranças estão vestidos igual aos convidados? Esta atitude só demonstra a parcialidade do funcionário, e o amadorismo por parte da empresa de segurança, que já vem sendo notada por varias outras situações ocorridas na casa”, diz.

E ele encerra a postagem afirmando que é preciso reagir contra a discriminação. “Pra que um problema social seja resolvido, ele primeiro deve sempre ser apontado. Isto por que parte da sociedade insiste em relutar contra as inúmeras situações passadas hoje por negros, mulheres, gays e demais grupos de minoria, insistindo em dizer que o preconceito e a discriminação hoje em dia são “mimimi”. Tenho a esperança de que um dia as casas noturnas tenham um treinamento profissional adequado para que ninguém mais passe por situações como esta e que apliquem as medidas legalmente cabíveis aos envolvidos quando ocorrerem fatos como este”, termina o advogado no post.

Abalado

A Banda B entrou em contato com Juliano Trevisan na manhã deste sábado. Ele não quis gravar entrevista porque afirmou estar muito abalado com a discriminação que sofreu. O advogado, que atua também como gerente de marketing, disse que ainda não sabe se irá processar o James Bar. “Estou meio atordoado com tudo isso, ainda tentando entender tudo o que aconteceu. Não sei ainda qual será o próximo passo. Estou em contato com advogados e na próxima semana vamos decidir o que fazer”, disse Juliano.

Retratação James Bar

Após a repercussão do caso nas redes sociais, a direção do James Bar publicou uma retratação em sua página no Facebook, na sexta-feira (14). A nota fala que o estabelecimento está envergonhado com o que ocorreu. Reconhecem que falharam e que não conseguem dimensionar o sentimento de humilhação de Juliano. Leia a nota na íntegra:

“Olá. Gostaríamos de fazer uma retratação pública ao Juliano Trevisan — e a todos vocês, que corretamente se solidarizaram com ele. Infelizmente, ocorreu um episódio do qual devemos nos retratar e esclarecer o que aconteceu. Estamos muito chateados e envergonhados. Na noite de quinta-feira (13/07), o Juliano foi equivocadamente informado que não poderia entrar no bar por conta do que estava vestindo. Essa foi uma atitude errada e que não condiz com o que acreditamos.

Por mais que tentemos nos colocar no lugar do Juliano, não vamos conseguir entender a sensação de humilhação que ele sentiu no momento. Mas imaginamos algo muito triste e distante do que sempre queremos para todos. Toda vez que vocês pisam no James, desejamos que se sintam especiais, acolhidos e livres.

Ontem falhamos nessa missão por causa de uma atitude arbitrária dos funcionários envolvidos. Nossa decisão, portanto, foi desligá-los de nosso quadro, para que isso nunca mais ocorra.

Damos muita importância à participação de vocês — críticas e elogios — para que possamos evoluir e melhorar. Aprendemos muito com isso e estamos trabalhando para sempre oferecer um local seguro e justo, com a descontração de sempre. Que seja um lugar onde vocês se sintam à vontade para expressar a essência de cada um: tudo com base no respeito, na diversidade e na tolerância”, diz a nota do James Bar.

As informações são da Rádio Banda B.

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